sábado, 27 de fevereiro de 2010

O que é, é!!! O que se diz que é, pode não ser!!!

Há mentiras em toda parte. Apesar de consideramos a mentira como uma falha humana, a menos que façamos um grande esforço quanto a preparar crianças para serem honestas elas seguirão a tendência natural e contarão mentiras.

Há mentiras na Grécia Antiga. "...Prometeu ganhou fama, não apenas por ter roubado o fogo dos deuses para a humanidade, mas também por sua destreza em confabulações." O autor anônimo de The lying inteligencer (1763, p.3), publicado no satírico jornal londrino Splendide mendax, escreveu: "Não deixe que nossos leitores imaginem que proponho que seja escrito um panegírico sobre a arte de mentir. Seria absurdo recomendar à humanidade o que já é de tão universal estima. Nos tribunais, essa arte recebe o nome de boas maneiras; na religião, ela é chamada de mentira piedosa; ela é chamada de mistério no comércio e de invenção na poesia. Em nosso contexto político, ela é estilizada como oposição, liberdade e patriotismo."
Até mesmo John Locke (1894, pp146-147), embora desaprovasse o sofisma, que via como engendrado pela oratória, observou que: "É evidente o quanto os homens gostam de enganar e de ser enganados, de vez que a retórica, esse poderoso instrumento de erro e falsidade, tem seus professores titulares, é ensinada publicamente, e sempre foi levada em grande consideração;... os homens têm prazer em ser enganados."
Sandor Ferenczi (1955, p. 72) destacou que a capacidade de mentir é um dos critérios que distinguem os seres humanos de outros animais. Hannan Arendt (1968, p. 250; 1972, p.5) dá um passo adiante, e afirma que: "...nossa capacidade de mentir - mas não necessariamente nossa capacidade de dizer a verdade - se inclui entre os poucos dados óbvios e demonstráveis que confirmam a liberdade humana." E, Lacan (1988, p.244) a define como "traço distintivo da intersubjetividade".
Em que pese todas as considerações acadêmicas, perdura na dicotomia verdade/mentira o aspecto fudamentalmente intencional - o de enganar. Para Santo Agostinho (1952, p.55) "uma pessoa será julgada como mentirosa, ou não, de acordo com a intenção de sua própria mente, não de acordo com a veracidade ou falsidade do próprio fato".
No Brasil, os políticos são virtuosos em intençoes. Disso não há dúvidas. Também os jornalistas, quase todos sensacionalistas, pecam... destarde lembrar a kantiana distinção entre verdade e veracidade, e, por outro, entre falsidade e engano. "A distinção entre verdade e falsidade depende de questões ligadas a ontologia e à epsitemologia em correspondência, ou em uma relação semelhante, entre o que é e o que se diz que é. A veracidade e o engano, por outro lado, pertencem ao domínio moral da intenção."
Ptolomeu apresentou dados incorretos, mas não mentiu quando disse que o sol gira ao redor da terra. Ele acreditava em sua hipótese como verdadeira e esperava que o público pudesse aceitá-la como verdade. A história deu-lhe razão. E aos políticos?... que afirmam defender o interesse da maioria ou das minorias? Eles não pretendem causar danos a quem quer que seja usufruindo do poder público. Será?

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