sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

FARINHA DO MESMO SACO!!!

Que a política sempre foi um poço de lama, todos concordam. Entao revisitei Michel Foucault, numa aula de 29 de janeiro de 1975. Falando da Patologia da conduta criminosa, destacou que os indíviduos a serem julgados como criminosos devem ser avaliados, apreciados, medidos em termos de normal e de patológico. É a questão do ilegal e do anormal, ou ainda, a do criminoso e a do patológico. Esclarece Foucault que é essa A HISTÓRIA DO MONSTRO MORAL. "O primeiro monstro moral que aparece é o monstro político. Ou seja, a patologização do crime a partir de uma nova economia do poder". Qual seja, a pós-revolucionária. Especialmente a que reforça o vínculo entre o Soberano acima das leis e o criminoso abaixo das leis.E questiona o mestre: - "afinal de contas, o que é um criminoso? ...é aquele que rompe o pacto, que rompe de vez em quando, quando precisa ou tem vontade, quando seu interesse manda, quando num momento de violência ou de cegueira ele faz prevalecer a razão de seu interesse, a despeito do cálculo mais elementar da razão. E no ambiente político ele insere os scripts de personalidade do déspota transitório, déspota relâmpago, déspota por cegueira, por fantasia, por furor, enfim, pouco importa. O déspota, ao contrário do criminoso, faz valer a predominância do seu interesse e da sua vontade; ele a faz prevalecer de forma permanente. É por estatuto que o déspota é um criminoso, enquanto é por acidente que o criminoso é um déspota. O déspota é, portanto, aquele que exerce em permanência e fora da lei, de uma maneira criminosa, seu interesse", nos ensina Foucault. Para resumir a magna aula, afirma que "o déspota é o indivíduo que impõe sua sua violência, seus caprichos, sua não-razão, como lei geral ou como Razão de Estado." E ao encerrar destaca como sendo o mais notável o criminoso político, "que rompendo o pacto que subscrevera, prefere seus interesses às leis que regem a sociedade que é membro".De certo que pelo período da conferência nós não questionamos a função do discurso político nesta insólita convergência. No entanto, há que se evidenciar que antes ou depois da revolução, qualquer seja o meio de comunicação, porta-voz ou grupo de apoio, há uma mensagem. Com ela se firma o pacto, se estabelece o projeto de unidade. E, alcançado o objetivo, despoticamente, criminosamente rompe-se inclusive com novo discurso. Aliás, não é o mote do criminoso apanhado em flagrante, preso e até em julgamento, dizer da sua inocência? Negar o rompimento da Lei? Des-dizer em acareação o que antes firmara em cumplicidade?E sobre os déspotas... abra os jornais, confira-os quanto a dois discursos: - o da coalizão política; e o da negação do desejo de permanecer no poder. Comente.
Postado por Júlio César FRÓES

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